Essa história ouvi no tempo de criança. Passaram-se os anos e ainda ouço pelos bares, churrascos, no trabalho ou nos velórios. Enfim, é uma boa história que passou a fazer parte do nosso rico repertório de contos populares iacanguenses.
Dizem que o falecido Senhor Nenê Coveiro, que foi por décadas zelador do Cemitério Municipal, como bom funcionário dedicava sua seu tempo cuidando do nosso Campo Santo (Cemitério) como fosse sua casa. Ele não estava errado. Seria mesmo. Foi sepultado no local.
Nossa história começa em uma madrugada quente de verão e lua cheia. Nenê Coveiro resolveu ir ao Cemitério colocar veneno nos “olheiros” e matar formigas cortadoras que destruíam os canteiros com flores. E assim fez!
Quando fazia o serviço entre os túmulos veio à vontade de fumar. Calmamente fez o cigarro de palha, levou a mão ao bolso para pegar os fósforos, descobriu que havia deixado a caixa em casa sobre a mesa. A vontade de fumar era tanto que Nenê Coveiro desistiu de colocar o mata formiga indo guardar o veneno para voltar pra casa.
Neste instante, ouviu vozes na estrada vicinal que passa ao lado do muro do cemitério. Viu que eram dois jovens que voltavam da cidade para a zona rural. Olhou para relógio de bolso e era próximo das 4 horas da manhã. O Coveiro pensou e surgiu uma ideia! Pedindo “fogo” aos jovens consigo acender o cigarro e fico um pouco mais no trabalho. Subiu em um túmulo próximo ao muro, colocou a cabeça para fora e soltou a voz!
- Alguém ai tem “fogo”? Tou com muita vontade de fumar! Faz tempo que estou aqui e não tenho fósforos. Nenê Coveiro não teve tempo de perguntar pela segunda vez!
Os rapazes saíram em disparada e possivelmente naquela noite quebram o recorde mundial dos 100 metros rasos.
Resultado: Nenê Coveiro teve que voltar pra casa para fumar. Quanto aos rapazes, nunca mais passaram pela estrada do cemitério nas noites, nem para namorar na cidade. Emprestar fósforo para assombração, nem pensar!
Autor:
Carlos Cardozo
Jornalista