Morreu, neste domingo (18), o empresário Abilio Diniz, que criou um império com o Grupo Pão de Açúcar (GPA), aos 87 anos. Um dos maiores líderes do mundo corporativo brasileiro, Abilio estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
O empresário começou a passar mal durante viagem que fez a Aspen, no Colorado, Estados Unidos, e precisou voltar ao Brasil às pressas em um avião adaptado com uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
"É com extremo pesar que a família Diniz informa o falecimento de Abilio Diniz aos 87 anos neste domingo, 18 de fevereiro de 2024, vítima de insuficiência respiratória em função de uma pneumonite. O empresário deixa cinco filhos, esposa, netos e bisnetos, e irá ao encontro do seu filho João Paulo, falecido em 2022. Desde já, a família agradece a todas as mensagens de apoio e carinho", diz a nota divulgada pela família.
O velório será realizado nesta segunda-feira (19no Salão Nobre do Estádio do Morumbi e será aberto ao público entre 11h e 15h. O enterro será reservado apenas aos familiares.
A morte acontece um ano e meio depois de Abilio perder seu filho, João Paulo Diniz, aos 58 anos, após um mal súbito. Na época, o empresário disse que a perda foi o golpe mais duro que poderia receber. "Estou sem chão", disse em uma publicação nas redes sociais. "A dor que sinto é inexplicável."
Abilio Diniz construiu um império no varejo. Com o Pão de Açúcar, tornou-se um dos homens mais ricos do país, personificando uma era de sucesso das empresas familiares com influência em governos. Viu de perto crises em seu negócio, enfrentou uma feroz disputa familiar e um sequestro.
A desnacionalização do mercado, com a entrada de competidores estrangeiros, acabou levando o conglomerado a ser engolido pela globalização. O Pão de Açúcar foi comprado em 2005 pelo Grupo Casino, que atualmente está endividado e pretende vender suas filiais sul-americanas: o GPA e o colombiano Éxito. No caso deste último, o Casino já conseguiu vender todas as ações.
Após a venda do Pão de Açúcar, Abilio foi para outro lado do balcão: a indústria de alimentos. Não foram transições fáceis, mas eivadas de estridentes embates —com parentes, sócios, governos, executivos.
Atualmente, Abilio era vice-presidente do conselho de administração no Brasil da também rede francesa de supermercados Carrefour, que recentemente apresentou uma oferta para assumir uma rede de 7.000 unidades locais pertencentes ao Grupo Casino, segundo o jornal de negócios francês Les Echos.
O empresário era presidente do conselho de administração da Península Participações, a empresa de investimentos que pertence à sua família. Também investia em educação e esporte por meio do Instituto Península. Há 14 anos, ministrava aulas no curso "Liderança e Gestão", da FGV, dedicado à formação de novos líderes.
Obcecado por exercícios físicos e pela alimentação saudável, Abilio nutria uma imagem de juventude, força e resistência. Sua devoção aos esportes começou no tempo de garoto, quando jogava peladas na rua Tutóia, zona Sul de São Paulo, onde o pai tinha uma padaria. Depois, o negócio foi para a Liberdade e Abilio passou a jogar na Várzea do Glicério. Baixinho e gordinho, era hostilizado pelos colegas.
"Não havia dia em que eu voltasse para a casa (...sem ter sofrido algum tipo de humilhação", contou o empresário em seu livro autobiográfico "Abilio Diniz, Caminhos e Escolhas - o Equilíbrio para uma Vida Mais Feliz". Foi aí que o empresário decidiu aprender judô, caratê, capoeira e musculação. "Passei a ser respeitado na Várzea do Glicério", afirmou.
Goleiro, passou a se interessar por outras modalidades: foi campeão de polo a cavalo, tricampeão de motonáutica e vice-campeão universitário de levantamento de peso. Por levantar barras tão pesadas quanto ele mesmo, sofreu uma lesão na coluna. "Levantar peso é um esporte meio besta", avaliou depois.